A ARTE DE ESCREVER É DIVINA

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Religião: um bem ou um mal necessário?

Ana Maria Soares*

No atual estágio de evolução da humanidade, as religiões desempenham um importante papel, seja refreando os instintos mais primitivos ou incutindo valores morais e espirituais que a maioria das pessoas não buscaria por si próprias. Embora tendo este importante papel, elas ainda pecam pelos dogmatismos e divergências nas formas como são praticadas e pregadas. Essas divergências até hoje induzem à discórdia e guerras. Os próprios dirigentes religiosos em seus fanatismos, levam seus fiéis ao enganoso conceito de que apenas a sua religião é a verdadeira e apenas ela leva a Deus.

A falta de um estudo mais aprofundado sobre os ensinamentos espirituais, impede-nos de ver os grandes valores que estão incutidos nos chamados livros sagrados. A essência dos ensinamentos de todas as religiões, em sua forma mais pura, é a mesma transmitida por Cristo, Buda, Zoroastro, Maomé e outros. Apenas o que diverge é a forma de entendimento e prática que cada religião resolveu adotar. Algumas chegam ao exagero de impedir o uso racional do intelecto para tentar compreender e chegar à verdade. Outras impõem costumes tão infantis que ridicularizam os seus seguidores.

No meu entender, nenhuma das religiões ocidentais parece querer levar-nos ao aprofundamento dos conhecimentos transmitidos pelos grandes iluminados da humanidade. Para muitas, este comportamento de busca é tido como heresia ou ateísmo. Enquanto não superarmos as formas externas das religiões e entrarmos no coração dos ensinamentos trazidos por esses grandes seres, as guerras continuarão existindo e falsas verdades continuarão a serem defendidas com ardor.

A meu ver, o maior de todos os pecados é não usar as capacidades e potencialidades de que fomos dotados para tentar compreender a verdade, seja ela como for, sem parcialidade ou vendas impostas à razão e ao espírito. Enquanto somente o ser humano for considerado importante e merecedor de salvação, continuo não seguindo nenhuma religião. Para mim, tudo o que é vivo é sagrado e merece o nosso respeito, consideração e ajuda.

Somente quando as religiões compreenderem a unicidade da vida em suas formas, estaremos realmente nos encaminhando para o entendimento das grandes verdades espirituais. Somente quando cada homem entender por si só que toda responsabilidade é apenas sua e sua consciência transcender as formas, não haverá mais necessidade de religiões diversas, pois o templo será o próprio coração de cada um e todos os seus pensamentos e atos serão a sua forma de oração.

* Ana Maria Soares é especialista em Recursos Humanos (acepa@uol.com.br)